Notícia
14/03/2008
Cenário econômico é favorável para reajustes salariais
Estes fatores refletem no mercado de trabalho, principalmente nas taxas de emprego e desemprego, explica o economista Clóvis Scherer, do Dieese. “Nós estamos batendo o record de crescimento de emprego formal no Brasil”, afirma Scherer, que é supervisor técnico do escritório da entidade em Brasília.
Este cenário, marcado pelo crescimento do número de empregados e aumentos salariais reais acima da inflação, impulsiona vários setores econômicos. “Há um forte estímulo ao comércio, à indústria e ao setor de serviços, que empregam fortemente”, diz Scherer. O setor de informática é um dos segmentos que estão se beneficiando do panorama econômico brasileiro. O varejo de computadores é um dos que mais cresce no Brasil, o que estimula a procura por mão de obra especializada. Os serviços de tecnologia da informação cresceram 15% em 2005, passando para 15,4% em 2006. A previsão é de crescimento em torno de 14% em 2007.
O crescimento econômico também tem se refletido nas conquistas salariais. Nos últimos anos, os trabalhadores e as trabalhadoras conseguiram, nas negociações salariais coletivas, ganhos reais, ou seja, reajuste salarial acima da inflação. A média dos aumentos nos últimos anos é entre 1% e 3%. O ano de 2006 foi o que teve os maiores reajustes salariais. “O ano passado poderia ter tido resultados melhores que o do ano anterior, senão fosse o pequeno aumento da inflação”, avalia Clóvis.
No caso das estatais, os empregados e empregadas das estatais negociaram ganhos muito bons, além de muitos terem conquistado novos benefícios, plano de cargos e salários, participação nos lucros e resultados. “O balanço das negociações estatais federais de 2007 é extremamente positivo”, comenta Scherer.
Projeções - Segundo o economista, o ambiente é favorável para o reajuste dos salários. “Este ano vem na esteira de 2007, quando houve investimentos e expansão da capacidade produtiva. Então, este dinamismo na economia garante mais um ano favorável”. No entanto, o especialista diz que a pequena alta na inflação somada ao fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) pode afetar as expectativas de melhores reajustes.Outro fator que pode gerar impasse nas mesas de negociação é exigência de superávit maior nas estatais, feita pelo governo federal. Isso também é efeito do fim da CPMF e objetivo é fazer com que as empresas contribuam com as metas fiscais do governo. “Isso pode ser um componente de limitação das empresas estatais negociarem melhores reajustes”, pondera o economista.